Os estaleiros italianos são muito conhecidos por suas construções de superiates, representando 36,6% da frota global de iates acima de 24 metros e 51,07% das encomendas de iates, de acordo com o Global Order Book. Ao longo deste artigo, você irá conferir como a Itália se mantém no topo da indústria e qual é a visão de futuro de alguns dos seus maiores estaleiros.
Mesmo com a guerra na Ucrânia e contratempos com a cadeia de suprimentos, a Rússia encontra-se atualmente entre a posição de 10% a 20% da base de clientes do Grupo AB Yachts, segundo Gennaro Candida de Matteo, CEO do Next Yacht Group.
O Next Yacht Group foi formado em 2021 e abraça a AB Yachts, CBI Navi e Maiora e, ainda de acordo com Matteo, a marca possui o seu foco em customização, mas fugindo do usual.
A técnica do estaleiro consiste na modularização, criando um produto 100% único e com uma seleção limitada de mudanças estratégicas no casco, deck superior e superestrutura.
O gerente de vendas da Tankoa, Giuseppe Mazza, também compartilha as mesmas constatações sobre o mercado da Rússia. De acordo com Mazza, o mercado irá perder de 10% a 15% da indústria russa, mas o restante permanecerá mais ou menos o mesmo.
A Tankoa, por sua vez, engloba a abordagem de boutique, tendo uma frota de somente seis iates entregues e mais cinco sendo construídos. Mazza ainda afirma que existem três pilares em jogo quando o assunto é o sucesso da Itália no setor de construção de iates: paixão, inovação e tradição.
Portanto, além de a indústria estar aproveitando o momento mais forte do mercado, os estaleiros italianos estão propondo também novidades e inovações tecnológicas, como em casos de parcerias com escritórios de arquitetura e moda.
A Overmarine tem um plano de expansão em vista, visto que estão construindo um novo galpão de construção ao lado de seu galpão já existente, localizado em Pisa. Esta nova construção permitirá que o estaleiro construa mais quatro iates de até 60 metros.
Arianna Toscano, chefe de imagem e comunicação da Overmarine, diz que entre 70% a 80% das vendas dos iates vão para os Estados Unidos, e que o desafio essencial do estaleiro é continuar entregando a mesma qualidade durante este período movimentado e de escassez de suprimentos.
O CEO da Baglietto, Fabio Ermetto, diz que o estaleiro tem o luxo de poder optar por produzir apenas cinco barcos por ano, entre 40 e 65 metros, e que não há a necessidade e a pressão para que os seus iates sejam maiores.
Por isso, o estaleiro pode dedicar tempo aos clientes e à personalização, sem precisar aumentar os volumes de produção. A abordagem da Baglietto é familiar, mantendo a capacidade e a possibilidade de ter um contato humanizado com os clientes, sem que eles se sintam apenas um número nas estatísticas.
O estaleiro Sanlorenzo tem o seu foco nas aquisições e parcerias. Em 2021, assinou um contrato de exclusividade com a Siemens e nos três primeiros meses de 2022, obteve participações com vários de seus fornecedores, dentre eles, 48% em uma marcenaria próxima de Pisa.
De acordo com Ferruccio Rossi, presidente da divisão de superiates da Sanlorenzo, este investimento reforça a colaboração e a visão a longo prazo para os principais fornecedores.
Ele ainda afirma que existe uma grande possibilidade de expansão, na qual as pessoas estão começando a pensar no equilíbrio entre experiência de trabalho e vida particular, o que é uma tendência a longo prazo para a indústria de superiates em geral.
Carla Demaria, CEO da Bluegame, acredita que o segredo para produzir produtos sustentáveis é prever quais serão as regras de conformidade do futuro. Amanhã, o processo de sustentabilidade exigirá muito mais rigidez nas regras a cumprir.
Isso significa que o mercado vai começar a selecionar os iates que melhor atendam às suas necessidades, e ainda de acordo com Demaria, nos próximos dez anos, o foco dos clientes não será somente um bom design, mas um produto com uma mentalidade prática e eficiente.
Para Azimut I Benetti, sustentabilidade é o pilar das suas novas estratégias, já que o foco principal da companhia são novas fontes de energia, desenvolvimento dos seus locais de produção, digitalização dos seus processos industriais e melhoria das condições de seus trabalhadores, investindo 130 milhões de euros para estes objetivos ao longo dos próximos quatro anos.
Marcas como Custom Line, Wally e Riva fazem parte do Grupo Ferretti, proporcionando um grande leque de opções para os seus clientes. Segundo Alberto Galassi, CEO do Grupo Ferretti, os clientes podem transitar dentre todas as marcas e sempre estarão satisfeitos.
A lista de espera para todas as marcas é longa e o prazo de entrega acontece em pelo menos dois anos. O Grupo também tem o seu foco em energias sustentáveis, com um protótipo elétrico da Riva em vista, além de uma nova divisão de veleiros em processo.
Para o Grupo Ferretti, a abordagem familiar também é muito importante, já que um de seus objetivos é integrar os principais fornecedores dentro dos próximos meses.
O foco principal do The Italian Sea Group são os veleiros. O estaleiro revelou uma chalupa de 47 metros recém-remodelada e também propôs um superiate de 90 metros equipado com falcon-rigged.
Segundo Giovanni Costantino, CEO do The Italian Sea Group, com a aquisição da Perini Navi finalizada e com relançamento em andamento, o posicionamento do estaleiro está completamente alinhado com o posicionamento dos estaleiros históricos do norte da Europa, que possuem muito mais tempo de experiência.
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